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Fetiche: conheça os principais

Você acha que fetiches são apenas para pessoas alternativas? Pois aqui desmistificamos eles, mostrando formas seguras e consensuais de incorporá-los à vida sexual

O interesse por qualquer fetiche não é apenas aceitável e nem vem de agora, sendo muito mais comum do que imaginam as pessoas que não praticam algum ou acreditam não ter.

Isso porque fetiches são uma parte normal e saudável da sexualidade humana, variando entre temas, intensidade da execução sexual, objetos, partes do corpo e até ambientação.

Afinal, todos temos algo pelo qual nos interessamos mais, mesmo fora do universo sexual. Por isso, vamos abordar essa curiosidade geral sobre o que é fetichismo e desmistificar a ideia de que eles fetiches são incomuns ou estranhamente específicos.

O que é fetiche?

Um fetiche pode ser definido como uma atração sexual intensa por algo. Seja um objeto, situação ou parte do corpo que – curiosamente – não é convencionalmente visto como sexual.

Essa fixação pode ser tão simples quanto a adoração por um tipo de tecido, como o látex, ou tão complexa quanto práticas que envolvem múltiplas pessoas ou elementos de dominação e submissão.

E antes que ‘fixação’ soe mal, não passa de um maior interesse, aquilo que desperta um tesão mais facilmente ou mais intenso do que tudo o mais. Posto assim, os fetiches nada mais são que uma forma de expressão sexual que, quando praticados consensualmente, podem aumentar muito o nível de satisfação sexual e até emocional dos praticantes.

O “problema”, na verdade, é que o termo acabou adquirindo uma conotação negativa, e isso reprime as pessoas que têm curiosidade por alguma prática, perdendo então a chance de conhecer e curtir o quanto antes aquilo que mais gosta e pode fazer feliz.

Mas é tão simples quanto parece, sem precisar ir muito longe, mesmo um gosto por diferentes tipos de sex toys (brinquedos sexuais), pode ser considerado um fetiche, e nem por isso deixa de ser uma prática cotidiana, comum e satisfatória.

Quais os tipos de fetiche?

coxas amarradas em prática de shibari

Claro que existe uma infinidade — alguns tão específicos que parecem coisa de universo paralelo, outros tão comuns que muita gente pratica sem nem perceber que têm nome. Dentro desse cenário gigante do desejo humano, não dá mais pra falar só dos “principais”. A verdade é que o mundo dos fetiches é vasto, diverso e cheio de nuances, e vale explorar desde os mais conhecidos até os mais curiosos, excêntricos ou underground.

A seguir, você encontra uma lista ampla que mostra como a sexualidade é criativa e plural — e talvez até descubra alguns fetiches que nunca imaginou que existiam.

  • BDSM: Sigla que aborda em si temas como bondage, disciplina, dominação, submissão, sadismo e masoquismo. Algo que quando se fala em fetiche, é quase automático entender como sinônimo o BDSM, que são práticas que misturam controle, ordenação, dor e prazer.
  • Shibari: Dentro do BDSM, uma arte japonesa sobressaiu e se tornou tão grande quanto entre os fetiches, trata-se da amarração de pessoas com nós e armações de vários tipos que combina estética e restrição.
  • Podolatria: O popular fetiche por pés, que pode até ser chamado de adoração, incluindo massagem e até envolvimento dos pés em práticas sexuais. Não à toa, houve um boom na comercialização de “pack de pé” ou “pack do pezinho” nos últimos anos, pacotes fechados de fotos e vídeos de pés vendidos aos podólatras.
  • Cuckold: Um contexto em que uma pessoa sente prazer ao observar o (a) parceiro (a) se relacionando sexualmente com outra pessoa. O que talvez seja um dos fetiches mais questionados devido a monogamia ser o “sistema” padrão de relacionamento, mas mesmo assim, o cuckold acaba falando mais alto enquanto instinto.
  • Inversão sexual: Quando envolve a troca de papéis sexuais tradicionalmente estabelecidos (de ativo e passivo), ou seja, quando o ativo passa a ser passivo, o que pode ser feito com a pessoa passiva da relação usando o chamado cintaralho/strapon.
  • Fisting: Sentir prazer em inserir (ou receber a inserção) da mão, antebraço ou objetos avantajados na vagina ou ânus.
  • Ménage à trois: O famoso sexo a três, na maioria das vezes proposto por um casal a um terceiro componente.
  • Troca de casais: Como o nome adianta, propõe a troca de parceiros especificamente para a relação sexual, o que é diferente de manter os mesmos casais transando no mesmo espaço. Fetiche combinado graças a grupos virtuais e uso de algum app de encontro de casais.
  • Látex, cetim e couro: Têxteis que dão sensações específicas de prazer, sendo muito comum a combinação com outras práticas fetichistas como o próprio BDSM e Shibari.
  • Fantasias e swing: O uso de trajes específicos para realizar fantasias ou troca de casais.
  • Trampling: Fetiche em que alguém sente prazer ao ser pisado ou ter parte do corpo pressionada pelos pés de outra pessoa. Pode ser leve ou mais intenso, sempre combinado antes.
  • Golden Shower: Fetiche em que a excitação vem do ato de urinar no parceiro ou receber urina durante a relação. A prática envolve troca de poder, vulnerabilidade e entrega, e costuma aparecer em dinâmicas de dominação e submissão.
  • Gouinage: Sexo sem penetração, focado em toque, fricção, beijos e presença. É prazer que nasce da pele, do roçar de corpos e da intenção, não do “entra e sai”. Uma prática lenta, íntima e intensa.
  • Sadismo: Fetiche em sentir prazer ao causar dor consensual no parceiro — seja com tapas, arranhões, mordidas, pressão ou torturinhas eróticas. Não é violência: é uma dinâmica combinada, onde a dor vira estímulo e o controle é parte do tesão. Sempre exige consenso, comunicação e limites claros.
  • Bondage: Fetiche que envolve amarrar, prender ou restringir movimentos do parceiro. O prazer vem da imobilidade, do controle e da entrega — seja com cordas, algemas, fitas ou até posições improvisadas. Pode ser leve ou mais elaborado, sempre com segurança, consentimento e comunicação.
  • Edging: Fetiche de chegar perto do orgasmo várias vezes e segurar antes de gozar. A graça está em prolongar o prazer até o limite, aumentando a intensidade do clímax final. Sempre feito com intenção, controle e muito tesão acumulado.
  • Parafilia: Termo usado para definir interesses sexuais pouco convencionais, que fogem do padrão comum de estímulos. Nem toda parafilia é problemática — só vira preocupação quando envolve risco, falta de consentimento ou causa sofrimento real. No geral, descreve desejos específicos, intensos e atípicos dentro da sexualidade humana.
  • Exibicionismo: Fetiche em sentir prazer ao se mostrar ou ser visto nu, se masturbando ou transando. A excitação vem da exposição, do risco e do olhar do outro. Quando praticado, deve ser sempre consensual e em ambientes seguros — nunca envolvendo pessoas que não concordaram em participar.
  • Dogging: Fetiche de transar ou se exibir em locais semi-públicos onde outras pessoas consensualmente podem assistir. O tesão vem do risco controlado e do voyeurismo, sempre sem envolver terceiros sem consentimento.
  • Hentai: Fetiche por conteúdo erótico ou pornográfico em estilo japonês, marcado por fantasia, exagero e imaginação sem limite. Vai de histórias leves a cenas intensas, explorando desejos que muitas vezes não aparecem no sexo real. O apelo está no visual estilizado, nas situações fantasiosas e na liberdade total do desenho.
  • Furry Hentai: Fetiche por personagens antropomórficos — seres com mistura de traços humanos e animais — em contextos eróticos. O prazer vem da fantasia, das formas exageradas e da liberdade imaginativa típica do hentai. É um universo onde desejo, arte e imaginação se misturam sem limites.
  • Yaoi: Fetiche por histórias e cenas eróticas envolvendo romances ou relações sexuais entre homens, geralmente em estilo mangá ou anime. O apelo está na intensidade emocional, no drama, nos personagens bonitos e na fantasia conduzida pelo olhar do público que curte ver dois homens se pegando de forma apaixonada ou quente.
  • Marmita de casal: Fetiche em que um casal convida uma terceira pessoa para participar do sexo, mas sem troca mútua: o casal continua juntos e a terceira pessoa entra apenas como “convidada” da relação. O prazer vem da dinâmica a três, da atenção compartilhada e da fantasia de ser escolhido ou de “servir” ao casal. É sempre consensual, combinado e guiado pelos limites do trio.
  • Fio-terra: Fetiche em estimular o ânus com o dedo — geralmente durante o sexo ou a masturbação masculina. O prazer vem da região super sensível ao toque, especialmente da próstata. É simples, direto e extremamente comum, sempre feito com consentimento, higiene e lubrificante.
  • Pegging: Fetiche em que a mulher penetra o homem usando um strap-on. A graça está na inversão de papéis, no estímulo da próstata e na dinâmica de entrega e confiança. Não tem nada de “estranho”: é só prazer anal consensual com um toque de poder, comunicação e muito tesão.
  • Dupla penetração: Fetiche em ser penetrado(a) por dois estímulos ao mesmo tempo — normalmente duas pessoas ou uma combinação de dildo/vibrador + pênis. O tesão vem da intensidade, da sensação de preenchimento completo e da fantasia de excesso. Exige comunicação, preparo, lubrificante e combinação clara de limites.

O fetiche polêmico: O que é o fetiche CNC?

Vamos lá, nem tudo é fácil de se compreender, e em termos de gosto e do que cada um sente prazer, não dá para achar que é regra.

O caso é que o CNC (Consensual Non-Consent) tem ganhado muita popularidade devido ao gênero literário dark romance. É um tema delicado e controverso porque envolve encenar uma situação de não consentimento de maneira consensual e pré-acordada. O que, naturalmente, é motivo de gatilhos emocionais e simula um ato de violência, um crime hediondo.

De novo, reforçamos que a prática se baseia no comum acordo e consentimento, além de ser apenas uma entre tantos outros fetiches que existem em uma subcultura.

Para muitos desses e outros fetiches, compensa satisfazer a curiosidade para saber como é, de verdade, desmistificar o contexto, e tirar a impressão negativa ou até se surpreender com o que pode sentir (descobrir). 

Quais as regras ao praticar um fetiche?

Nesse sentido, se sente ou bateu essa curiosidade por um dos fetiches mencionados ou outros que já tenha em mente e nunca teve a oportunidade de saciar a dúvida, todo fetiche requer regras claras para garantir que seja seguro e prazeroso para todos os envolvidos. 

Se está pensando em apimentar a relação e vê nos fetiches uma boa maneira, de fato, costuma ser quando os dois se identificam com o objetivo, mas é importante saber as regras incluem, mas não se limitam a:

  • Consentimento explícito: Todos os envolvidos devem concordar com as atividades antes de começarem, deixando isso verbalmente claro.
  • Segurança: Os fetichistas costumam escolher uma palavra de segurança para estabelecer o limite. Quando a palavra é falada durante a prática, é imediatamente interrompido seguido dos cuidados necessários.
  • Comunicação: Como toda prática sexual convencional, o legal é manter uma comunicação aberta e honesta antes, durante e após o fetiche.

Okay… acho que me interesso por um fetiche, e agora?

Se você sentiu interesse por um fetiche e quer saber mais a respeito ou já experimentar, o que não faltam são meios de informação úteis hoje, além de comunidades engajadas.

A recomendação que podemos dar é que pesquise dando preferência para opiniões e perfis verdadeiros (que tenham verificação, que não venha de anônimos e se for de formadores de opinião, que tenham uma trajetória positiva), anotando os nomes de estabelecimentos e fazendo todas as perguntas necessárias, antes, da prática.

Quando já estiver no ambiente , comece pelas práticas mais leves e avance conforme se sentir confortável.

No mais, você pode curtir muitas outras coisas no sexo que não sejam necessariamente fetiches, como experiências pontuais, fazer em lugares diferentes e, melhor ainda: usar os brinquedos sexuais da Monster D.

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Escritora sobre atualidades e sexualidade at Monster D Toys | Website |  + posts

Escritora e sexóloga. Transformo tabus sexuais em papo descontraído aqui na Monster D. Fã de mangás, cultura pop e sex toys. Gosto de falar sobre prazer, liberdade e diversidade sem filtros.